O que é estagflação e quando esse cenário surge?

Você já ouviu a expressão “estagflação” no noticiário? Este é um dos termos mais utilizados na atualidade quando o assunto é economia e tem despertado a atenção dos empreendedores.

É possível inferir que o termo é uma junção das palavras “estagnação” e “inflação”. Mas o que isso realmente significa para a sua empresa?

Para começar a entender esse fenômeno, é preciso pensar na suposta contradição que existe em ter uma economia parada em que, mesmo assim, os preços sobem.

A ideia mais básica de inflação pressupõe um aumento da demanda por produtos e serviços. Já a estagnação econômica tem a ver com a falta de avanço dessa demanda.

Então, como a inflação e a estagnação podem coexistir? Esta é uma situação que acontece em cenários específicos com consequências bastante negativas para a economia e para o desenvolvimento do país como um todo.

Ao ler os próximos tópicos deste artigo, você vai entender melhor o que é estagflação, quando ela acontece e se está presente atualmente no Brasil.

O que é estagflação?

O termo estagflação ou stagflation ganhou notoriedade no Brasil nos últimos meses, mas não é um conceito tão recente e não surgiu a partir da crise atrelada à pandemia do novo coronavírus.

O neologismo foi criado em meados da década de 1960 e associado à situação do Reino Unido na época.

Já na década de 1970, ele passou a ser utilizado ao redor do mundo para caracterizar a crise global do petróleo.

Agora, mais uma vez, ele ganha destaque especialmente no noticiário brasileiro em decorrência do aumento dos preços, da queda no poder aquisitivo da população e do alto índice de desemprego.

Mas, para compreender o conceito de estagflação, precisamos passar pelos dois outros conceitos que o compõem: a estagnação econômica e a inflação.

A inflação existe em qualquer economia e é considerada normal. O problema é quando ela fica desregulada e passa a crescer descontroladamente.

Isso aconteceu no Brasil no início da década de 1990, quando os valores dos produtos chegaram a ser alterados mais de uma vez ao dia.

Basicamente, a inflação consiste na subida dos preços em decorrência do aumento das demandas, ou seja, ela ocorre quando a oferta é menor que a demanda.

Já a estagnação econômica, segundo conceito ao qual devemos nos ater, acontece quando a economia para de crescer, ou seja, temos uma estagnação quando não há aumento da atividade econômica em um ano em relação ao ano anterior.

Nesse contexto, há uma queda no consumo pela população e as empresas passam a vender menos.

Um cenário tão preocupante quanto o da estagnação é também o da retração econômica, que ocorre quando há uma redução da atividade econômica em relação ao ano anterior.

Relembrados esses conceitos, podemos nos ater ao que a estagflação significa: um aumento descontrolado dos preços ainda que não tenha havido aumento da demanda ou crescimento econômico.

Se, para a população em geral, há um enorme aumento do custo de vida e do índice de desemprego, no cenário empresarial as consequências são igualmente negativas.

Os custos de produção e de manutenção das atividades do negócio só fazem aumentar e, além de ter que repassá-los para o consumidor final, o empreendedor muitas vezes precisa demitir vários colaboradores.

Um exemplo recente do estado de estagflação é o que ocorreu na Argentina em 2017. O país teve seu PIB retraído em 2% e a inflação acumulada do ano ficou em torno de 25%.

Mas, será que é isso que está acontecendo no Brasil atualmente? Responderemos essa questão ainda neste artigo. Mas antes vamos entender quando é que a estagflação acontece.

Quando acontece a estagflação?

Além de ter ouvido o termo estagflação no noticiário, você também deve estar ciente das consecutivas altas do dólar.

Na verdade, o valor do dólar comercial sobe e desce com certa frequência, mas ultimamente ele tem subido muito mais do que decido.

Além disso, quando essa variação acontece muito rapidamente e sofre alterações consideráveis, ela coopera com a estagflação.

Isso acontece porque, com o dólar muito alto, passa a ser mais interessante para algumas empresas enviar a sua produção para o exterior.

Essa opção pela exportação acaba desabastecendo o consumo local e, a partir desse cenário, os preços começam a aumentar.

Ou seja, a elevação dos preços acontece não por conta de um aumento da demanda (procura) e sim devido à queda na oferta, já que os produtos estão sendo levados para fora do país.

Além da preferência pela exportação, cooperam para o estabelecimento da estagflação o alto índice de desemprego e a instabilidade econômica, que desestimula os investidores estrangeiros.

A queda nos investimentos incentiva ainda mais as altas do dólar e o ciclo se completa e se repete.

O efeito cascata da estagflação a torna um fenômeno muito perigoso para as empresas porque a população deixa de consumir, comprando somente o que é extremamente essencial.

Com menos pessoas comprando, a margem de lucro dos empreendimentos cai consideravelmente, o que gera demissões.

O momento atual é de estagflação?

A possibilidade da estagflação no Brasil passou a ser apontada por economistas quando o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2021 sofreu uma queda de 0,1%.

Porém, não é segura a conclusão de que a estagflação se instaurou a partir da análise de apenas um trimestre da atividade econômica.

O que realmente está acontecendo no Brasil é um risco da possibilidade de estagflação, já que o crescimento econômico previsto para 2022 é muito pequeno.

Como uma pequena variação desse crescimento pode fazê-lo chegar a zero, as chances são grandes de que em breve o país terá um cenário completo de estagflação.

O Banco Central, nesse cenário, exerce muito pouco controle sobre a inflação. Há uma tentativa de regulação a partir das alterações da taxa Selic, mas como o fator motivador do aumento da inflação não é o aquecimento da demanda, esta medida pode não obter sucesso.

De todo modo, o aumento da taxa Selic pode forçar uma queda nos preços devido ao aumento dos investimentos e à diminuição do dinheiro circulando no país.

Diante de todas essas variáveis, as empresas precisam contar com uma gestão mais do que eficiente e serem criativas para não perderem seus clientes.

Um dos detalhes aos quais o gestor financeiro precisa ficar atento são as taxas de juros às quais os contratos com seus fornecedores e parceiros estão atrelados.

Como a taxa Selic é o referencial para as demais taxas praticadas no Brasil, seu aumento pode implicar no aumento dos valores que a empresa precisa pagar quando se pensa em contratos de longo prazo.

Para que a sua empresa sofra o menor impacto possível com a possibilidade da estagflação, recomendamos a leitura do nosso artigo sobre juros simples e compostos. Até a próxima!